Artigo Nossa língua portuguesa
“Toda língua são rastros de velhos mistérios”
(João Guimarães Rosa)
Há quem diga que a língua é aquela que está na gramática. Aquela que foi estudada por séculos a fio e desmembrada em artigos, objetos, sujeitos e predicados para ensinar-nos a mais complexa forma de falarmos, escrevermos, expressarmo-nos, e até mesmo pensarmos.
Há quem defenda “gramatiquices”, o uso da norma culta, dos tempos verbais. Há ainda os que condenam o mau uso das pessoas do discurso, dos tempos verbais, a falta de uso do pretérito imperfeito do subjuntivo. Há quem diga que a língua portuguesa é aquela que está ali, escrita na gramática. Mas, como pode uma língua ser aquela que está ali, estática, imutável, se toda língua é diacrônica? Se toda língua evolui ao longo do tempo? Nesse caso, podemos pensar que existe um grande equívoco em relação a esse tipo de afirmação. Voltemos ao passado: nosso país, como todos os países latino-americanos, foi colonizado pelos nossos amigos europeus, que por um lado, durante séculos nos tiraram riquezas, cultura, nacionalidade. Mas por outro, nos deram algo que, sem a qual não viveríamos hoje. Nossa língua portuguesa. Não a nossa língua portuguesa de hoje, eles nos deram a sua língua portuguesa que carinhosamente desestruturamos, desmembramos, modificamos e quem sabe, até complicamos afim de que possamos nos comunicar. Pode-se dizer que língua e fala são como duas irmãs, que se amam, se odeiam e não sobrevivem uma sem a outra. Isso porque uma depende diretamente da outra para existir. Não existe fala sem que haja uma língua onde ela pode se basear e não existe língua sem a fala, pois, é na fala que a língua se expressa. Dentro desta concepção de fala, língua, gramática existe outro “problema”, também defendido por muitos e criticado por outros: o uso da norma culta. De acordo com estudiosos da área temos dois tipos de norma culta, essa imposta pela gramática e a nossa língua popular. Essa que falamos e usamos