Artigo De Filosofia E Literatura
WILLIAM PANICCIA LOUREIRO JUNIOR
ARTIGO DE FILOSOFIA E LITERATURA
São Paulo
2014
WILLIAM PANICCIA LOUREIRO JUNIOR
ARTIGO DE FILOSOFIA E LITERATURA
Trabalho acadêmico apresentado à Universidade Presbiteriana Mackenzie para obtenção de nota parcial, na disciplina de Projetos de Ensino em Filosofia, do curso de Filosofia no Centro de Educação, Filosofia e Teologia, da professora Ângela Zamora Cilento.
São Paulo
2014
Seria possível, a primeira vista, imaginarmos como seria nossa existência, nosso cotidiano, se, em algum momento, a faculdade do esquecimento – por qualquer razão externa a nós mesmos, empírica ou metafísica – nos fosse negada? Se todos os milhares de situações en passant jamais se desgrudassem de nós? Desde a automatização de determinadas ações diárias aos grandes acontecimentos que, por si só, já nos seriam inesquecíveis; e mais: não apenas a impossibilidade de uma rememoração falha, mas justamente uma memória fotográfica de tais circunstâncias eternamente em seus mínimos detalhes.
Esse tópico autenticamente filosófico suscita não somente dúvidas, mas interesse de investigação séria.
O assunto ora trabalhado nesse presente artigo visa, em suas limitações, debruçar-se sobre o tema proposto e de antemão alerta sobre o viés não apenas filosófico, mas literário.
Nietzsche é um dos filósofos que aborda significativamente a temática da memória, mais especificamente no artigo da 2º Extemporânea que passamos agora a analisar.
Nietzsche nos diz:
Efetivamente ele deseja viver como o animal sem saciedade nem dor, mas ao querê-lo não o quer como o animal. “Por que não me falas de tua felicidade e te limitas a olhar-me?” (Warum redest du mir nicht von deinem Glücke und siehst mir nur an?) O animal gostaria de responder – “É que eu esqueço exatamente aquilo que queria dizer.” Até mesmo esta resposta é afogada no esquecimento e se cala, de modo que o homem se assombra. (2010, p. 2) E mais adiante