Arqueologia histórica
Entre práticas e discursos: a construção social do espaço no contexto de Goiás do século XVIII.
"Há pelo menos trinta anos que a Arqueologia Histórica do Novo Mundo vem se focando, com diferentes graus de interesses e comprometimento, na formação da sociedade moderna.” (p. 63)
O autor faz uma análise sobre as discussões desenvolvidas no decorrer da formação da capitania de Goiás, para isso, ele utiliza uma ótica central, onde estuda a forma como se deu as relações entre os diferentes grupos e seus integrantes no contexto de Goiás durante o século XVIII. Fazendo uso de dois tipos de fonte: a história oral, através das crônicas, e das fontes documentais:
“[...] Na narrativa de Silva e Souza, só décadas mais tarde, a par do conhecimento de ouro nos adornos indígenas dos Goiá e influenciado pelas descobertas em Minas Gerais e Cuiabá, teria Bueno, então, se sentido estimulado a um retorno. Sua bandeira, que partiu de São Paulo em 1722, iria vagar errante por um vasto território em Goiás, consumida por cansaço, fome, deserções e ataques indígenas. Após essa jornada, que durou três anos, ele teria retornado envergonhado. Só em uma nova investida, Bueno encontraria vestígios da bandeira de seu pai no rio Vermelho, que reconhecera como o lugar que procurava e ali o ouro tão cobiçado, depositado em aluvião. Depois de deixar alguns arranchamentos criados, retornou a São Paulo. Após a sua volta definitiva para Goiás, objetivando explorar as jazidas, em 1726,[...].” (p. 65-66)
“Ou seja, esses relatos foram reelaborados a partir de tradições mais antigas e incorporados aos do século XVIII. Vasculhando a documentação referente à descoberta das minas, os historiadores perceberam também que, ao contrário do que descreveu Silva e Souza, Bueno não teve uma volta frustrada a São Paulo. Na verdade, a descoberta das minas ocorreu no fim da fatigante jornada de três anos pelos sertões, dando conta de cinco córregos auríferos no rio Vermelho. (Palacin 1994:22).”