ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA

Posicionamento Crítico
- Vida Maria, Márcio Ramos.

Vida Maria retrata a história de Maria, uma menina do interior do Ceará que é levada a largar os estudos para ajudar a mãe nos afazeres domésticos. Uma realidade comum no nosso estado; como de costume as filhas de algumas famílias menos favorecidas no sertão, muitas vezes são levadas a abrir mão de ter o mínimo de educação para que possam cuidar de seus lares, do roçado da família, dos irmãos mais novos.
Apesar de estarmos no século XXI, essa prática é muito comum ainda, não é coisa apenas dos nossos antepassados, e assim acontece também com a nossa personagem principal, essa tradição atravessa as gerações, de mãe à filha.
Assim como nossos pais, avós e talvez, todos nossos antecedentes, durante uma parte da infância contribuíram direta ou indiretamente para o sustento ou bom funcionamento de seus lares. Quem nunca ouviu os mais velhos contarem suas histórias de quando pescavam, caçavam, plantavam para ter o que comer em casa? Podem até salvar-se alguns que contem sua histórias de forma engraçada, contando com saudosismo, porém, talvez ainda não tenham noção da exploração a que foram submetidos.
A exploração da mão-de-obra infantil é uma prática secular e rotineira em todo mundo. Não haveria de ser diferente no Brasil, onde as desigualdades sociais são mais gritantes e as crianças são utilizadas para reforçar o orçamento doméstico. Convém lembrar que essa prática está arraigada no modo de pensar dos brasileiros "que criança também tem que contribuir no sustento da casa" ou "antes trabalhar do que roubar". De fato, é uma questão cultural, e por isso mesmo difícil de ser neutralizado.
Assim acontece na história de Maria, a qual é obrigada pela mãe a trabalhar em troca de comida e casa. Cerca de 400 mil crianças e adolescentes entre cinco e 16 anos exercem trabalho doméstico, segundo a Agência Brasil. Muitas vezes, não têm a oportunidade de estudar e fazem serviços que normalmente seriam atribuídos a um(a)