Análise organizacional a partir dos processos de trabalho
Considerações preliminares
Gustavo F. Bayer
Toda reflexão conceitual depara-se com o problema da compatibilização entre a necessária simplificação generalizante do seu objeto e a igualmente necessária aplicabilidade prática dos modelos assim construídos, fazendo com que abstração e concretude apresentem-se como imposições não facilmente conciliáveis. No campo da administração isto se apresenta na tendência a um tratamento genérico e indeterminado do seu objeto – “a” organização – enquanto a ação administrativa, que deveria ser orientada pelos modelos conceituais assim construídos, ocorre em estruturas sempre especificamente determinadas por suas condições operacionais.
Um caminho para minimizar tais dificuldades é construir modelos conceituais que permitam sua contextualização histórica e específica ao serem aplicados. Abdica-se parcialmente da abstração generalizante para conquistar-se aplicabilidade prática. Essa é a tendência ao trabalhar-se com tipologias. O perigo nesta abordagem está em que dificilmente se conseguirá passar da abstração para a concretude: ao encaixar-se um “caso” em determinado tipo, ele tende a ser descrito e “analisado” a partir das características já antecipadamente estipuladas para aquele tipo – o que leva a um tratamento ainda mais vago quando o caso é tratado como combinação entre diferentes tipos.
Retomando a procura de uma base conceitual que não pressuponha conclusões analíticas, poder-se-ia trabalhar com um conceito de organização como “estruturação de processos de trabalho com objetivos predeterminados, em geral a partir de relações de propriedade ou de controle dos recursos operacionais”. Tal conceituação permite analisar como cada uma das suas expressões se configura em diferentes contextos históricos, assim como procurar captar a dinâmica concreta do movimento em organizações específicas.
Crucial aqui é que o objeto não é mais “a” organização, mas os processos de