Análise do texto A Ultima Cronica
O texto narra a história de um escritor em sua busca por um assunto inspirador para escrever sua última crônica, nos gestos belos e simples de um dia comum. Fernando Sabino encontra sua motivação para escrever ao presenciar ao fundo de botequim, um casal de negros, que apesar das condições financeiras, fazem para sua filha uma singela comemoração de aniversário, mas o que mais lhe toca é a pureza expressa no sorriso do pai.
A Última Crônica é um texto narrado em primeira pessoa, onde o autor usa da metalinguagem para adentrar no universo literário de sua própria autoria. Esse recurso metalingüístico possibilita que o autor demonstre seus sentimentos, seus desejos de forma explícita, como quando ele afirma que sua pretensão era buscar inspirações nos acontecimentos simples, rotineiros, fruto da convivência, onde ele se torna mero expectador.
Fernando Sabino relaciona sua crônica com O Último Poema de Manuel Bandeira, mas essa relação vai além de uma simples citação, ambos os escritores almejam o mesmo objetivo, escrever suas últimas obras inspirados na simplicidade dos gestos humanos rotineiros. Com esse objetivo, Fernando lança seu olhar ao externo, à sua volta e fixa-o em uma família a qual ele descreve da forma como ela é realmente vista pela sociedade, ou seja, de uma forma consideravelmente preconceituosa.
Um casal de pretos e pobres acompanhados de sua filha é a cena que o autor presencia, mas a análise é apenas um retrato do preconceito existente, este tão presente no âmbito público que causa grande desconforto naquela família pertencente à classe invisível da sociedade. Fernando ao observar a família percebe que matar a fome não é o único objetivo, mas sim comemorar com uma pequena fatia de bolo acompanhada de uma Coca-Cola o aniversário da pobre menina negra. A comemoração é uma ação tão simples a todos à sua volta que parecem nem enxergar tal coisa, mas de uma grandiosidade tão grande para a