Análise de obras românticas
Juvenília VII --- Fagundes Varela
Ah! quando face a face te contemplo,
E me queimo na luz de teu olhar,
E no mar de tua alma afogo a minha,
E escuto-te falar;
Quando bebo no teu hálito mais puro
Que o bafejo inefável das esferas,
E miro os róseos lábios que aviventam
Imortais primaveras,
Tenho medo de ti!... Sim, tenho medo
Porque pressinto as garras da loucura,
E me arrefeço aos gelos do ateísmo,
Soberba criatura!
Oh! eu te adoro como a noite
Por alto mar, sem luz, sem claridade,
Entre as refegas do tufão bravio
Vingando a imensidade!
Como adoro as florestas primitivas,
Que aos céus levantam perenais folhagens,
Onde se embalam nos coqueiros presas
Como adoro os desertos e as tormentas,
O mistério do abismo e a paz dos ermos,
E a poeira de mundos que prateia
A abóbada sem termos! ...
Como tudo o que é vasto, eterno e belo;
Tudo o que traz de Deus o nome escrito!
Como a vida sem fim que além me espera
No seio do infinito.
Análise:
O poema Juvenília VII, de Fagundes Varela, apresenta-se dividido em sete estrofes com quatro versos, cada uma delas (com exceção da quinta estrofe, que contém apenas três versos). Apresenta rimas interpoladas, no esquema ABCB (a quinta estrofe, BAB); os três primeiros versos de cada estrofe são decassilábicos e o último verso de cada estrofe em redondilha menor. No poema, o eu lírico mostra sua extrema admiração por Deus, mostrando sua relação com o que é Divino. Na terceira estrofe, ele mostra uma fraqueza em relação a sua fé, preferindo os “gelos do ateísmo”. Em seguida, na quarta, quinta e sexta estrofes, ele mostra que contempla Deus em toda a natureza, mostra que pode contemplar a glória do Divino em toda a natureza; concluindo, na sétima estrofe, ele diz adorar tudo que traz o Divino, assim como a vida eterna, que ele espera um dia viver.
Harpa XXXII --- Sousândrade