Análise de historicidade da idéia de natureza, por collingwood
Collingwood dividiu a idéia de natureza em três períodos, nos quais ela foi posta em foco e adquiriu novas características pelo pensamento europeu.
Primeiramente, os gregos baseavam-se no princípio de que a natureza possuía uma mente, a qual se manifestava através da ordem do movimento do mundo natural, isto é, às cíclicas mudanças da natureza, era atribuída uma espécie de inteligência, como se o perpétuo movimento da vida na Terra fosse um elemento orientador ou dominante dotado de mentalidade. Para os gregos, as criaturas que vivem na Terra participavam de uma organização especializada da vitalidade e racionalidade do planeta. Desse modo, uma planta ou um animal participava psiquicamente no processo vital da “alma” do mundo, intelectualmente na “mente” do mundo e materialmente na organização física do mundo, ou seja, o mundo possuía uma unidade organizacional coesa, interdependente e com capacidades intrínsecas. Essa idéia se baseia na analogia entre a natureza como um macrocosmo e o homem com um microcosmo, à medida em que o homem se revelava a si mesmo através da autoconsciência.
No segundo período, o qual inicia-se a partir do século XVI, denominado de “cosmologia da Renascença” por Collingwood, a incipiente Revolução Industrial influencia o pensamento comum da época; a idéia de natureza como um organismo dotado de inteligência intrínseca passa a ser negada pelos renascentistas, os quais atribuem os movimentos bem como a regularidade da natureza à uma ordem exterior a ela, isto é, ao invés de um organismo, a natureza é, para a Renascença, uma máquina com uma coordenação de partes conjugadas e destinadas para um fim definido por um espírito inteligente que lhe é exterior.
Nota-se também que a concepção de natureza está baseada na idéia de um Deus criador e onipotente, uma vez que a analogia, antes feita pelos gregos com o ser humano individual, agora era feita a partir da experiência com as