Análise da obra "dom casmurro"
1. José Dias define Capitu sob uma esfera de quem também se sentiu instigado pelos encantos trazidos pela personagem, com aqueles olhos, como ele mesmo disse, dados pelo diabo.
Tendo o poder de surpreender, Capitu constrói no imaginário do leitor uma figura frívola e inconstante, que almeja riquezas e luxo, se dispondo a qualquer ato para alcançar seus objetivos. Percebem-se esses trejeitos nos trechos do capitulo XVIII, quando Bentinho lembra, e faz uma breve observação, de Capitu gananciosamente dizer que,
- Se eu fosse rica, você fugia, metia-se no paquete e ia para a Europa. (...) Como vês, Capitu aos quatorze anos , tinha já idéias atrevidas, muito menos que outras que lhe vieram depois; mas eram só atrevidas em si, na prática faziam-se hábeis, sinuosas, surdas, e alcançavam o fim proposto, não de salto, mas aos saltinhos. Não sei se me explico bem. Suponde uma concepção grande executada por meios pequenos (XVIII, p. 50).
As definições pressupostas também explicitam o caráter emblemático da personagem. Sendo oblíquo e dissimulado, esse olhar trás uma faceta dualística em relação a Bento, pelo fato dos olhos de ressaca serem capazes de arrastar Bentinho para o interior de Capitu, do mesmo modo como a ressaca do mar ‘envolve’ o que esta a sua margem, como aconteceu em seu primeiro beijo com a amada. Ironicamente, foi diante desse mesmo olhar – que puxa, agarra e afoga, no velório de Escobar, que Bentinho notou o iniciar-se seu drama.
Ao tocante de “dissimular”, Capitu trazia não somente em seus olhos, também em seu comportamento instintivo, ao que nota-se novamente na passagem do capitulo XVIII quando Capitu, após gritas impulsivamente, muda de comportamento sem explicação; “ (...) calou-se outra vez. Quando tornou a falar, tinha mudado; não era ainda a Capitu do costume, mas quase.” (XVIII, p.48) e ainda “(...) estava tão contente com aquela grande dissimulação de Capitu que