Antunes
O oitavo capitulo é dedicado a desfazer o equívoco de que “ toda atuação verbal tem que se pautar da norma culta. Ora, essa pretensão não passa de uma idealização, sem condição alguma de poder vir a realizar-se. Os próprios usuários se encarregam de desmistificar essa idealização. Existe um mito de uma língua uniforme, sem variação, sem adequação à situação em que é usada, e outro mito de que a norma culta é inerentemente melhor que as outras. No entanto a ciência linguística defende que o bom uso da língua é aquele que é adequado as condições de uso. Em outras palavras que o uso da língua depende da situação que lhe é própria. Existem variações lingüísticas não porque as pessoas são ignorantes ou indisciplinadas; existem, porque as línguas são fatos sociais, situados num tempo e num espaço concretos, com funções definidas. A língua só existe em sociedade, e toda sociedade é inevitavelmente heterogênea, múltipla, variável e conseguinte, com usos diversificados da própria língua. A língua culta deve ser usada adequadamente, quando a situação assim exigir. Em situações informais, da vida privada, o uso dos padrões da coloquialidade, pode representar esquisitice, como pode representar incompetência não usar a norma culta numa situação formal ou num contexto institucional. No ponto de vista de professores (e da população escolarizada em geral) nos erros de gramática. Como tudo que é diferente é apontado como erro. E “os erros são muitos”, crêem. Tanto que “é muito difícil falar bem”- o que é igual a falar certo. Uma língua idealizadamente descontextualizada é uniforme. É a língua das frases soltas, que continuam a ter lugar nas salas