Antropologia
Entretanto, a Segunda Grande Guerra não foi o único e nem o último dos processos geopolíticos excludentes e opressores que derivam da ideia de uma suposta hierarquia racial. Em suas origens, tal colonialismo legitimava sua existência exatamente nas suposições de uma hierarquia “racial” oriunda da “antropologia” do final do século XIX. De fato, as chagas do racismo expostas pela Segunda Guerra Mundial teriam grande efeito no desencadeamento das lutas pela libertação das regiões coloniais nas décadas seguintes. O texto de Lévi-Strauss, qual seja, a desconstrução, a crítica e a condenação das perspectivas que continuavam a hierarquizar as diferentes “raças” ou culturas do mundo.
Não é por acaso, portanto, que o texto comece com a afirmação de que não há nada que comprove, cientificamente, a superioridade de uma raça sobre a outra. Mas não é apenas isso, o autor também não se contenta com a possibilidade de “medir” supostas diferentes contribuições das “raças” ao patrimônio comum da humanidade, pela simples razão de que tal atitude seria uma espécie de inversão da doutrina “racista”, uma vez que continuaria creditando à “raça” o motivo das diferenças culturais. Ou seja, basicamente, o ponto inicial da crítica é a confusão frequente então entre “raça”, no sentido biológico do termo, e “cultura”.
Por outro lado, Lévi-Strauss também não pode deixar de notar a diversidade das formas culturais humanas. Diversidade esta que só faz sentido na relação entre elas, uma vez que se não se relacionassem, não haveria nem mesmo a