antropologia
O interesse sócio-antropológico no chamado “modelo biomédico” resulta de uma mudança de perspectiva que se registou, sensivelmente, a partir dos anos sessenta. Por um lado, a antropologia via encolher a matéria-prima que tradicionalmente investigava: o número de culturas exóticas de povos remotos ia diminuindo à medida que os antropólogos aumentavam as suas pesquisas; por outro lado, na sociologia a aceitação da medicina como território que pertencia aos profissionais habilitados nessa área ia sendo questionada. Os antropólogos começaram a olhar para as sociedades industrializadas e os sociólogos começaram a adoptar métodos de investigação tipicamente antropológicos como o da observação participante.
O que é o modelo biomédico?
Quando se fala de um modelo, fica-se com a impressão que existe qualquer coisa objectiva, diferente de nós e que nos afecta ou afecta outros independentemente das nossas vontades. No caso do chamado “modelo biomédico”, a sua existência ganhou corpo, nomeadamente, nas escolas de enfermagem no mundo ocidental e representa algo de desagradável na imaginação de quem procura na enfermagem uma profissão digna e autónoma em relação à medicina.
A Encyclopedia of Medical Anthropology define a biomedicina como o paradigma dominante médico nos países ocidentais hoje. A parte “bio” enfatiza a importância biológica deste sistema médico-profissional e em particular a ênfase dada às doenças específicas e às suas curas. As doenças são consideradas como tendo causas naturais (por exemplo, germes) e há relativamente pouca ênfase colocada na pessoa no contexto do sistema social e cultural (Ember C & Ember M, 2004 , p.xxv). Historicamente, o termo “biomedicina” aparece pela primeira vez na 12ª edição do Dorland’s Medical Dictionary em 1923 e significava a medicina clínica baseada nos princípios da fisiologia e da bioquímica (Quirke & Gaudillière, 2008 ).
Mas não existem definições totalmente consensuais. Se aceitarmos a definição