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O consumo como investimento: a teoria do capital humano e o capital humano como ethos1
Osvaldo Javier López-Ruiz2
Resumo
O artigo propõe discutir a diluição da fronteira conceitual entre “consumo” e “investimento”, argumentado que ela é uma peça fundamental para a compreensão do capitalismo na sua etapa atual e dos valores que orientam a sociedade contemporânea. Conceitos cunhados pela teoria do capital humano – teoria econômica dos anos 1960 – são difundidos hoje como valores que orientam a conduta dos indivíduos. Produz-se, assim, um deslocamento conceitual-valorativo do consumo para o investimento que permite inusitadas formas de “postergar satisfações consumindo agora”. A área difusa que é criada entre “consumo” e
“investimento” ajuda a entender como a ética protestante do trabalho é reeditada numa “ética do trabalho empresarial”, isto é, do trabalho entendido em termos de
“empreendimento” individual.
Palavras-chave: Valores sociais. Teoria do capital humano. MaxWeber. Michel
Foucault.
Esta é uma versão que sintetiza e acrescenta elementos aos argumentos desenvolvidos em “A
‘invenção’ do capital humano”, 3o capítulo de meu livro Os executivos das transnancionais e o espírito do capitalismo: capital humano e empreendedorismo como valores sociais. Rio de
Janeiro: Azougue, 2007; e foi apresentada no III Encontro Nacional de Estudos do Consumo no Rio de Janeiro.
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Sociólogo. Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp. Pesquisador do Instituto de Ciencias
Humanas, Sociales y Ambientales (INCIHUSA), Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y
Técnicas (CONICET), Argentina; e do Grupo de Pesquisa em Conhecimento Tecnologia e Mercado
(CTeMe), IFCH-UNICAMP, Brasil. End. eletrônico: osvaldo@infoar.net
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Recebido em 17 de novembro de 2009.
Aceitodo
em capital
10 de dezembro de 2009.
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consumo como investimento
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O. Lopez-Ruiz •
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Consumption as investment: The theory of human capital and