Antropologia

Gradativamente o trabalho etnográfico vem sendo incorporado à Antropologia como parte inseparável no processo de compreensão do Outro. Inclusive trata-se de um método da disciplina, sobretudo após século XX. Isto é manifestado com um espírito que envolve profissionais até mesmo de outras áreas como Geologia e Psicologia, que afirmam que qualquer pessoa pode fazer etnografia. A etnografia pode ser considerada, deste modo, uma vivência da teoria, porque é difícil separar a teoria da prática quando se vai a campo e olha, escuta, sente, aquele mundo que você pesquisou e discutiu em grupos e/ou sala de aula. Quando em campo, a experiência do pesquisador pode ser tão surpreendente, que muito do que aprendeu em teoria seja emoldurado para estabelecimento de novos saberes, e se posteriormente um outro pesquisador voltar anos após neste mesmo campo, possivelmente passará pela mesma transformação do saber. Fazer etnografia significa estar disposto a desestabilizar em vários momentos todo seu trabalho, então é necessário também estar disposto a se entregar, ter a capacidade de entrega e desapego de preconceitos, porque prescinde uma vocação para tal feito. No século XIX, o objeto de estudo da Antropologia tinha sobretudo uma preocupação histórica sobre como os povos haviam chego ao estado de civilização, com o sentido simplório da expressão. Para tanto, os povos considerados primitivos foram estudados diante de relatos de viajantes em expedições científicas ou religiosas, ou seja, analisavam a visão de uma pessoa que não tinha base teórica para esquematizar a cultura, a religião, a comida, os hábitos daquele povo considerado primitivo, e tentavam especular a partir daí os traços evolucionistas e estruturais. No final do século XIX alguns antropólogos começaram a integrar viagens, como exemplo cito o antropólogo estudado para este trabalho, Bronislaw Malinowski, que em 1914 foi para as Ilhas Trobiandesas conviver durante três anos em contato próximo com os nativos de lá.