antropologia

641 palavras 3 páginas
A religião primitiva
O homem religioso primitivo (primeiro - dos começos) tende sempre por ir ao encontro do cosmos, o mundo ordenado, temendo consequentemente o caos, o estado de indefinição e confusão.
O caos é o estado primordial, primitivo do mundo. Era uma matéria que existia desde sempre, sob uma forma vaga, indefinível, indescritível, na qual se confundiam os princípios de todos os seres particulares. Numa forma lata, caos significa abertura, fenda abissal, vazio tenebroso. Foi o estádio primordial, anterior a tudo e do qual tudo proveio, mesmo os deuses[2].
É importante salientar que as sociedades tradicionais religiosas também entendiam o caos como o espaço desconhecido e indeterminado que as cercam. Deste modo, o caos é considerado um espaço estrangeiro, caótico, povoado de espectros, de demónios, de “estranhos”[3].
Por outro lado, o cosmos significa ordem, é o universo como sistema unitário, bem ordenado[4]. Para as sociedades primitivas, cosmos é o território habitado e organizado, pois, foi consagrado previamente, é obra dos deuses ou está em comunicação com o mundo dos deuses. O mundo habitado, o cosmos, é um universo no interior do qual o sagrado se manifestou desde sempre. O homem ocupando, instalando-se num território desconhecido transforma-o simbolicamente em cosmos; esse mundo é tornado possível ao homem pela possibilidade de repetição da cosmogonia[5]. Assim, o sagrado revela a realidade absoluta, torna possível a orientação. O sagrado funda o mundo, fixando limites e por consequência estabelece a ordem cósmica[6].
Mas se o território a ocupar já estava habitado por outros seres humanos, há igualmente a necessidade de repetir a cosmogonia, pois, segundo a concepção das sociedades arcaicas tudo o que não é nosso mundo não é ainda um mundo. Portanto, não se deve fazer nosso um território senão criando-o de novo[7], isto é, consagrando-o[8].
Em suma, a experiência do sagrado torna possível a “fundação do mundo”, e onde o sagrado se

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