Antropologia
As sociedades estudadas pelos primeiros antropólogos são sociedades longínquas as quais são atribuídas as seguintes características: sociedades de dimensões restritas, que tiveram poucos contatos com os grupos vizinhos; cuja tecnologia é pouco desenvolvida em relação à atual; e nas quais há uma menor especialização das atividades e funções sociais. São também qualificadas de “simples”; em consequência, elas irão permitir a compreensão, como numa situação de laboratório, da organização “complexa” de nossas próprias sociedades.
Laplantine pretende elucidar as condições que determinaram o início da reflexão antropológica ou, ao menos, do pensamento pré-antropológico. Sua origem remete ao Renascimento e à concomitante descoberta do Novo Mundo, quando o homem ocidental europeu se depara com a alteridade.
Desse confronto emergem duas ideologias distintas: a do mau selvagem e do bom civilizado, que pode ser representada pelo jurista Sepulvera; e a do bom selvagem e do mau civilizado, defendida pelo dominicano Las Casas. Se à época a discussão ocorria em termos religiosos, hodiernamente se pode dizer que tal critério não mais vigora - as ideologias, porém, permanecem ainda vivas na Antropologia e remanescentes ainda na sociedade.
A primeira delas consiste na crença do “mau selvagem e bom civilizado”, isto é, na superioridade do homem europeu sobre o “outro” recém-descoberto,