A herança biológica é aquela que se recebe dos pais, que corresponde à cor da pele, aos traços físicos ou genéticos dos grupos humanos a que se pertence. A herança cultural é transmitida por hábitos e costumes do grupo social em que se vive. É, portanto, o meio contribuindo para a determinação de certos comportamentos do indivíduo, mas não determina as suas características físicas, pois estas, como vimos, são determinadas pela herança biológica. Assim, uma criança indígena ou negra, quando adotada por uma família branca e criada num outro meio que não é o de seu grupo de origem, vai desenvolver os costumes, gostos e demais manifestações culturais conforme o meio em que foi, ou está sendo criada, porém manterá os traços físicos dos seus progenitores. Ao receber a mesma educação, e ter as mesmas oportunidades de estudo de uma criança branca, ela concorrerá com essas em iguais condições, porém as de seu grupo biológico terão dificuldades de acompanhá-la, pois não tiveram a mesma formação, ou educação para estas situações. A educação é para Boas uma espécie de adestramento que molda o indivíduo para desempenhar funções e reagir conforme foi educado. Por exemplo, uma criança indígena criada num grande centro urbano por uma família branca, cercada de facilidades e de avanços tecnológicos, quando adulta, dificilmente desenvolverá habilidades com arco e flecha, com a caça e a pesca e demais costumes das que permaneceram na sua tribo origem. Ela terá outras habilidades que seus descentes não tiveram oportunidade de adquirir, como por exemplo, a facilidade com equipamento tecnológico, entre outras. O que não quer dizer que seja superior ou inferior uma da outra, mas que são culturalmente distintas e que foram educadas distintamente, tornando-se, assim, desiguais enquanto conhecimento, mas semelhantes enquanto potência mental. Por essa razão, Boas afirma que não há diferença fundamental entre a maneira de pensar de um primitivo e de um civilizado. O que muda são apenas os