A obra analisada trata, de um modo geral, do conflito existente entre o direito natural e direito positivo, e os consequentes problema de hermenêutica, de interpretação do direito, que estes põe aos aplicadores do direito. Questões como, por exemplo, ser estrito ao que dispõe a letra da lei ou tentar interpretá-la de forma mais coerente com a realidade social e fática que se nos apresenta, procurando fazer do direito um instrumento da justiça e não um impedimento a ela. E por outro lado, afastar-se da lei e abrir caminhos para arbítrios infundados ou seguir à risca ao "espirito da lei"? Apesar de ficticia, a obra nós faz perceber que o direito, em seu desenvolver histórico sempre esteve marcado por controvérsias e dissidências interpretativas. As questões citadas anteriormente são abordadas na obra de Harvard Lon L. Fuller, que tem por pano de fundo o julgamento de quatro aventureiros sobreviventes de um acidente que os mantiveram presos durante quase quarenta dias em uma caverna e que os obrigou a matar um terceiro companheiro que estava com eles, no 33º dia de aprisionamento, o que fez com que não sofressem de inanição e pudessem escapar vivos do horrível incidente. Desse referido homicídio, que foi gerado por uma situação extremamente agônica surge toda a problemática hermenêutica que é o tema central do texto. Após terem sido condenados à forca em primeira instância, os quatro acusados recorrem dessa decisão, à Suprema Corte de Newgarth, que terá, de forma final, o destino dos quatro aventureiros em suas mãos. Daí surgem todas as controvérsias e dúvidas hermenêuticas e de consciência dos julgadores, representadas por meio do voto de 4 dos membros da Corte do presidente Truepenny, quais sejam os juízes Foster, Tatting, Keen e Handy. Foster, é designado como sobrenome do primeiro dos julgadores, que possui uma visão mais elástica do que seja o direito, defendendo inclusive a existência de hipóteses de sobrevivência de “estados de natureza” em