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RIBEIRO, Gustavo Lins. O capital da esperança. A experiência dos trabalhadores na construção de Brasília. Brasília: Editora da UnB, 2008, 276 p.
Antonio Luigi Negro
Professor de História na Universidade Federal da Bahia; doutor em História pela
Universidade Estadual de Campinas e bolsista do CNPq e Capes
É proveitoso o encontro entre Antropologia e História. E este é mais um caso em que uma indagação simples – qual a história dos trabalhadores que construíram Brasília entre 1957 e 1960? (p. 24) – origina excelente livro. O capital da esperança, de Gustavo Lins Ribeiro, é atual e interessante não só porque a capital brasileira é hoje cinquentona. Ao revelar o peso, a presença e a força dos trabalhadores – e ao perseguir o objetivo de conhecer o modo “como os trabalhadores são tratados em determinada sociedade” (p. 22) –, o autor atinge resultados decisivos para conhecermos o Brasil contemporâneo e seus dilemas.
Dissertação de mestrado em Antropologia orientada por Lygia Sigaud há cerca de 30 anos, afinal publicada, a obra reflete característica produção do Museu
Nacional – na qual encontram-se (dentre outros) a própria Lygia Sigaud, Moacir
Palmeira, José Sérgio Leite Lopes –, cujas pesquisas, partindo de etnografias em
Pernambuco, superaram o enfoque negativo dado às origens sociais do operariado brasileiro. Com isso, como diz o autor, é possível que a antropologia brasileira fizesse
“estudos subalternos” antes mesmo de os indianos serem notados por isso (p. 14).
Nos seus quatro capítulos (Os trabalhadores, O acampamento, O trabalho,
Os conflitos), é demonstrada ao leitor a dramática e complexa experiência dos trabalhadores na construção da nova capital. À superexploração e ao desrespeito da força de trabalho – o que é em certa medida interiorizado pelos trabalhadores
–, são contrapostas, em detalhes, a aguda