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92450 palavras 370 páginas
Jorge Amado

Jubiabá

A Matilde, lembrança da viagem para recolher material

Para Ann Martin, Sosígenes Costa, Oswald de Andrade, José de Queirós Lima, Ferreira de Castro, Graciliano Ramos e o preto velho Valentim.

Bahia de Todos os Santos e do
Pai-de-Santo Jubiabá
Boxe

A multidão se levantou como se fora uma só pessoa. E conservou um silêncio. O juiz contou:
– Seis..
Porém antes que contasse sete o homem loiro se ergueu sobre um braço, com esforço, e juntando todas as forças se pôs de pé. Então a multidão se sentou novamente e começou a gritar. O negro investiu com fúria e os lutadores se atracaram em meio ao tablado. A multidão berrava:
– Derruba ele! Derruba ele!
O Largo da Sé pegara uma enchente naquela noite. Os homens se apertavam nos bancos, suados, os olhos puxados para o tablado onde o negro Antônio Balduíno lutava com Ergin, o alemão. A sombra da igreja centenária se estendia sobre os homens. Raras lâmpadas iluminavam o tablado. Sol dados, estivadores, estudantes, operários, homens que vestiam apenas camisa e calça, seguiam ansiosos a luta. Pretos, brancos e mulatos torciam pelo negro Antônio Balduíno que já derrubara o adversário duas vezes.
Daquela última vez parecera que o branco não se levantaria mais. Porém antes que o juiz contasse sete ele se levantou e continuou a lutar. Houve entre a assistência pa lavras de admiração. Alguém murmurou:
– O alemão é macho mesmo...
No entanto continuaram a torcer pelo negro alto que era campeão baiano de peso pesado. Gritavam agora sem parar, desejosos de que a luta tivesse um fim, e que esse fim fosse com Ergin estendido no chão.
Um homenzinho magro, cara chupada, mordia um cigarro apagado. Um negro baixote ritmava os berros com palmadas nos joelhos:
– Der-ru-ba e-le. . . Der-ru-ba e-le...
E se moviam inquietos, gritavam que se ouvia na Praça Castro Alves.
Mas aconteceu que no outro round o branco veio com raiva em cima do negro e

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