Andre Bazin e o Neorrealismo
“Não é esta uma sólida definição do realismo em arte: obrigar o espírito a tomar partido sem trapacear com os seres e as coisas? ”
André Bazin é o principal teórico do modelo realista dentro do cinema. Seu realismo não é meramente uma questão de fundo ou de forma, mas sim de essência, do estado da coisa enquanto coisa. Para Bazin, o cinema é ontologicamente realista. Este pressuposto está atrelado à imagem fotográfica e seu poder de reprodutibilidade mecânico do real, sem necessitar da intervenção criadora do homem. Tal imagem produz uma verdadeira libertação das artes plásticas de seu “complexo” de múmia (salvar o ser pela sua aparência).
É por conta deste pressuposto filosófico que o autor irá prescrever e elogiar modelos e propostas cinematográficas que privilegiavam o respeito à continuidade espacial e temporal dos eventos em desfavor das trucagens e estilizações de outras escolas. Como via de exemplo, Bazin chama mais de uma vez o expressionismo alemão de heresia. Isto não quer dizer, diferente de que muitos alardeiam por aí, que o crítico francês seja contra qualquer tipo de trucagem ou efeito à priori, o mesmo podendo ser dito de sua defesa de procedimentos como o plano-sequência e a profundidade de campo(o autor chega mesmo a dizer que não haveria a mínima diferença se “Festim Diabólico” fosse decupado de maneira clássica).Diferente do que pode sugerir o título do seu texto(e por isso a importância de se ler mais que o mero título do texto),Bazin não quer abolir a montagem. O que ele propõe é um respeito à densidade real do espaço, à sua contiguidade. O autor sintetiza bem a ideia: “quando o essencial de um acontecimento depende de uma presença simultânea de dois ou mais fatores da ação, a montagem fica proibida”. Também é verdade que Bazin não foi capaz de definir bem a que tipo de acontecimentos essa máxima se aplica.
Uma das escolas que vai receber o