Analise do Texto "Tecendo a Manhã"
Tecendo a Manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã. ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito que um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão.
Este poema faz parte de um conjunto de meta poemas lançado em mil novecentos e sessenta e seis que consolidaria a abordagem lógica da preciosa poesia de Cabral.
O poema apresenta uma construção em metro irregular, os versos não seguem um padrão referente ao número de sílabas poéticas, apesar da divisão em estrofes caracterizar o tratamento das divisões comuns em forma fixa.
Quanto ao ritmo, este elemento recebe um tratamento rico, complexo e incomum. O poeta utiliza desde a situação das silabas tônicas e pausas, sem buscar a regularidade padrão na realização dos poemas em forma fixa, realiza reiteradamente das homofonias para através da coincidência sonora e proximidade dos radicais, buscando um padrão sonoro coincidente e harmônico. Este tratamento estabeleceu uma relação original com os elementos de versificação e acrescentou valores importantes a obra deste poeta.
Os esquemas de rimas seguem um padrão de sonoridade ao fim de