Análise do poema "porque"
Este poema está inserido numa das linhas temáticas da poesia de Sophia de Mello Breyner Andersen a qual denuncia as injustiças e desigualdades sociais. O próprio título “Porque” reforça, através da anáfora, a ideia desenvolvida ao longo do poema. Deste modo, parece haver um diálogo entre o sujeito poético e um “tu”, que aparece no primeiro e último versos da primeira estrofe, assim como no último verso das estrofes seguintes.
O sujeito poético põe em evidência as virtudes e qualidades do outro, mostrando um verdadeiro sentimento de admiração, o que nos leva a pensar poder tratar-se de um amigo íntimo. Deste modo, verifica-se uma atitude muito contrastante em relação aos outros e à pessoa amada, nomeadamente através da conjunção adversativa “mas”.O sujeito poético denuncia a falsidade, “Porque os outros se mascaram”, a astúcia “Porque os outros usam a virtude/Para comprar o que não tem perdão” (o sujeito poético poderá referir-se à honra, honestidade, etc.), logo é referido o receio que os outros têm em demonstrar o verdadeiro eu, ao contrário do tu. Os outros são hipócritas ao oferecerem apenas a aparência. Na segunda estrofe é reforçada a ideia da corrupção, nomeadamente no primeiro e segundo versos, uma vez que os túmulos caiados significam o disfarce, assim sendo simbolizam os segredos, dando uma imagem de hipocrisia, onde está mais explicita esta critica é no segundo verso da segunda estrofe. Deste modo verifica-se que todo o poema é de intervenção social. Enquanto os outros se disfarçam para esconder os seus defeitos e pecados, o tu confronta as pessoas com a verdade sem medo de represálias. Assim sendo o tu pode representar aquele que denuncia as injustiças sociais. Na terceira estrofe verifica-se novamente uma enumeração e oposição de atitudes, logo existe uma crítica ao oportunismo, “Porque os outros se compram e se vendem” e ao calculismo “ E os seus gestos dão sempre dividendo”. Verifica-se ainda no terceiro verso da