Mensagem
Localização de Portugal na Europa
Pessoa visualiza a Europa na figura de uma mulher que, de bruços, fita, passiva e indiferente, a distância.
É a imagem de alguém que perdeu a alegria de viver e que, no presente, recorda nostalgicamente os tempos áureos das civilizações, grega e romana ("toldam-lhe românticos cabelos / Olhos gregos lembrando"), civilizações que foram o seu orgulho, a sua razão de viver, pois foram os olhos que levaram a luz, a vida, a todos os recantos do mundo. Noutros tempos, essa mulher desenvolveu todas as suas capacidades, assumiu plenamente o seu papel de mãe criadora e renovadora - veja-se a importância das culturas greco-latinas, que estão na base de toda a civilização ocidental. Agora, decrépita, vive apenas de lembranças. O seu corpo está cansado, "jaz", como "cansadas" estão duas nações importantes da Europa (a Inglaterra e a Itália), identificadas como os cotovelos.
Mas nos olhos enigmáticos, esfíngicos, dessa figura inerte, vislumbra-se ainda um desejo de regresso às origens... É necessário renascer. Um novo mundo espera-a!... Não já um mundo perecível, como o do passado, que se desmoronou, porque assente em valores materiais, mas um mundo imperecível, um mundo construído com aquilo de que os sonhos são feitos, onde o Homem se realizará plenamente, logo, um mundo espiritual, cultural, dado que só os valores espirituais são imorredouros.
Como cabeça da Europa, única parte do corpo que ainda se mantém ativa, compete a Portugal e aos portugueses serem o garante desse novo mundo, desse império grandioso cujos ecos hão de atroar pelo Universo - o Quinto Império Português, o império do Sol, da Luz, do Conhecimento, em que o Homem se sentirá plenamente realizado. Assim, o olhar perscrutador de Portugal fixa-se no ocidente, no Oceano Atlântico: "Fita, com olhar esfíngico e fatal / O Ocidente.". É a partir dele que os novos caminhos do "Futuro" têm, fatalmente, de ser rasgados, caminhos que, forçosamente, terão de