Alberti - de pictura
(1404-1472)
Da pintura
(1435) O tratado sobre a pintura de Leon Battista Alberti1 oferece a mais completa e densa exposição sobre a representação pictórica da figura humana que se escreveu no século XV. Se a harmonia das proporções continua sendo uma preocupação essencial do autor, a fidelidade anatômica vem logo em seguida. A estrutura óssea, mal mencionada por Cennini, deve ser esboçada perfeitamente: Alberti aconselha que ela seja feita antes de se desenhar as silhuetas nuas ou vestidas das figuras,2 e insiste no bom suporte que ela deve dar aos personagens, especialmente por uma posição correta do corpo, desde a cabeça até o desenho exato dos pés que repousam sobre o chão.3 Mas o discurso albertiano não se preocupa apenas com a figura imóvel. Ele insiste na evocação dos movimentos, que devem ser diversificados para que a composição não seja repetitiva, mas também adequados à ação sugerida, que pode ser relaxada ou violenta, e coerentes em relação à natureza do personagem, homem ou mulher, jovem ou velho, bem como à sua situação social. Propõem-se, assim, os dois princípios complementares de diversidade e de coerência interna, dos quais o pensamento estético clássico se alimentará até o século XIX. Alberti passa em seguida a um outro tema, igualmente inovador e rico de promessas: a expressão dos afetos na atitude do corpo, em geral, e nos traços do rosto, em particular. Os estudos fisiognomônicos, desenvolvidos desde a Antiguidade4 e destinados a um grande futuro na época moderna, encontram nesse texto a verdadeira fonte de sua renovação depois do longo esquecimento da Idade Média.5 Prontamente, Alberti percebe as dificuldades que enfrentarão, depois dele, os comentadores mais sutis. Observa, por exemplo, a dificuldade de distinguir entre o riso e o choro,6 e, apoiando-se em sua erudição clássica, enuncia as artimanhas que permitem declinar as diversas expressões de uma paixão, escolhendo finalmente não dar a ver o que se prefere