ALBERONI Amizade
Francesco Alberoni. La Amistad. Aproximación a uno de los más antiguos vínculos humanos, Barcelona, Editorial Gedisa, 1997. – Tradução e síntese: Ir. Paulo Dullius, fsc
Ainda existe amizade no mundo contemporâneo? À primeira vista parece que não. O mercado e os interesses econômicos governam o mundo dos negócios; a luta pelo poder domina a política. Há pouco espaço para as relações pessoais sinceras. Há também muita mudança e nos despedimos de pessoas amigas prometendo retornar, mas outras realidades tornam isso praticamente inviável. O uso do termo acabou representando critérios individualistas e privilégios, grandes e pequenos, dentro de um sistema que, se fosse justo, se deveria reger por critérios universais e louváveis. Muitos pensam que a amizade é um fantasma do passado, estando fadada a desaparecer. Contudo, a amizade continua sendo um componente essencial de nossa vida. Confúcio (V aC) enumera cinco tipos fundamentais de contatos interpessoais: a relação entre imperador e seus súditos, entre pais e filhos, entre homem e mulher, entre irmão mais velho e irmão mais novo. Estes relacionamentos são de um superior a um inferior. A quinta relação – não hierárquica – é a que se dá entre pares e é a amizade. O modelo de amigo depende dos valores de uma sociedade numa determinada época. É preciso olhar o que há em comum nos relacionamentos. Surpreende que o termo ‘amizade’ não tem compreensão unívoca. Os significados mais correntes são:
a) Os conhecidos. A maior parte das pessoas que consideramos nossos amigos, na verdade, são só conhecidos, ou seja, pessoas que não nos são estranhas como o conjunto amorfo dos demais. Conhecemos o que pensam, e seus problemas. Mas não nos inspiram confiança profunda; não lhes contamos nossas ansiedades profundas.
b) Solidariedade coletiva. São amigos todos os que estão do nosso lado, como ocorre na guerra. De um lado, os amigos; do outro, os inimigos. Esta solidariedade não tem nada de pessoal. Aquele que leva o mesmo