Afetividade
A afetividade é um tema central na obra de Henri Wallon. No entanto, a sua teoria não se enontra sistematizada, isto é, não é apresentada como conjunto de conhecimento organizado, já que as informações encontram-se esparsas em diferentes obras. Duas dessas obras – L’évolution psychologique de l’enfant (1941) e Les origenes du caractère chez l’enfant (1934) – foram esmiuçadas, buscando-se apresentar uma sistematização do posicionamento do autor sobre esse tema.
A posição de Wallon a respeito da importância da afetividade para o desenvolvimento da criança é bem definida. Na sua opinião, ela tem papel imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade e este, por sua vez, se constitui sob a alternância dos domínios funcionais[1].
A afetividade é um domínio funcional, cujo desenvolvimento é dependente da ação de dois fatores: o orgânico e o social. Entre esses dois fatores existe uma relação estreita tanto que as condições medíocres de um podem ser superadas pelas condições mais favoráveis do outro. Essa relação recíproca impede qualquer tipo de determinismo no desenvolvimento humano, tanto que “… a constituição biológica da criança ao nascer não será a lei única do seu futuro destino. Os seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas circunstâncias sociais da sua existência, onde a escolha individual não está ausente.” (Wallon, 1959, p. 288). Ao longo do desenvolvimento do indivíduo, esses fatores em suas interações recíprocas modificam tanto as fontes de onde procedem as manifestações afetivas, quanto as suas formas de expressão. A afetividade que inicialmente é determinada basicamente pelo fator orgânico passa a ser fortemente influenciada pela ação do meio social. Tanto que Wallon defende uma evolução progressiva da afetividade, cujas manifestações vão se distanciando da base orgânica, tornando-se cada vez mais