A afetividade
“Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam”
Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, p. 54
RESUMO
Neste artigo pretende-se apresentar uma revisão das teorias de aprendizagem de Piaget, Vygotsky, Freud e outros seguidores correlacionando-as com o progresso da afetividade e sua influência na aprendizagem. As concepções de aprendizagem da atualidade não fazem a dicotomia entre cérebro (cognição) e corpo (organismo) e inserem a motivação e o desejo como instrumentos de apropriação da inteligência. As diversas abordagens atribuem à afetividade imprescindível valor para o desenvolvimento psíquico do ser humano. Os vínculos emocionais que se estabelecem desde o nascimento influenciam na construção da personalidade, do autoconceito e da auto-estima do sujeito, propiciando-lhe ferramentas necessárias à aquisição da aprendizagem e sua conservação.
INTRODUÇÃO
Ao referimo-nos à inteligência ou à capacidade cognitiva do ser humano, inevitavelmente estamos nos indagando sobre a capacidade de aprendizagem do indivíduo diante de um determinado objeto do conhecimento.
As concepções epistemológicas da aprendizagem são inúmeras e vão desde a teoria piagetiana da inteligência à teoria psicanalítica de Freud. A teoria de Piaget busca a dimensão biológica do processo de aprendizagem e, neste assegura que toda informação adquirida desde o exterior, o é sempre em função de um marco ou esquema interno; assim teríamos então três tipos de conhecimento, segundo Pain (1992, p.16):
O das formas hereditárias programadas definitivamente de antemão, junto ao conteúdo informativo