Adoção
Basicamente, este assunto tem sido tratado como o “direito da criança maior ter um lar”. Só que é preciso considerar que criança maior tem opinião, tem a personalidade definida, tem um passado para equacionar, tem sonhos e desejos, elaborados dentro de outra realidade que não da família adotante e por isso não é um simples direito que vai mudar os fatos. Por outro lado, a família adotante tem sua característica peculiar, suas expectativas...e não é um simples dever que vai modificar os mesmos fatos.
Propor adoções tardias, inclui um pressuposto desses fatores, para não cairmos no erro de banalizarmos a adoção de uma criança maior.
Estou me lembrando do pai que nos ligou desnorteado, da delegacia, porque o filho de l3 anos, havia agredido sua mãe, por adoção num momento de revolta com a vida.
Me lembro também de uma mãe , desapontada, porque sua filha por adoção, de 9 anos,estava tendo mais afinidades com a avó e a tia. Por se identificar melhor com elas, se distanciava emocionalmente da mãe.
É preciso proporcionar à família adotante, um suporte emocional e até espiritual, bem como um espaço para que ela possa questionar, Ter acesso a maiores informações e discutir abertamente a sua realidade e não a realidade das adoções em geral.
É preciso Ter em mente que nosso alvo não deve ser simplesmente a conquista de famílias adotantes para crianças maiores, mas sim adoções com sucesso, para que a criança não amargue mais uma desilusão ao ser devolvida.
O programa pedagógico (literaturas específicas, vídeos, palestras...) nos tem sido útil. Mas as entrevistas e conversas pessoais, o telefone à disposição , a participação nos momentos de crises, isto sim tem trazido um resultado compensador.
Promovermos as adoções tardias é nosso dever, mas viabilizarmos um programa de suporte é nosso compromisso, para não corrermos o risco de acenar a adoção tardia como um acontecimento simplório.
Só assim poderemos começar a ver a adoção