Adoçao no brasil

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Nos períodos colonial e imperial, as crianças abandonadas eram deixadas nas "rodas dos enjeitados", dispositivos rotatórios de madeira onde bebês eram colocados anonimamente. Quem os recebia eram as Santas Casas; alguns eram institucionalizados, outros acabavam doados a "famílias criadeiras", como eram chamadas. Só em 1916 a adoção foi incluída no Código Civil brasileiro, de forma precária: apenas maiores de 50 anos e sem filhos legítimos podiam adotar. E, se os pais viessem posteriormente a ter filhos biológicos, o adotado perdia direitos e não poderia receber herança, por exemplo.
Somente em 1990, com a promulgação do ECA, ficou estabelecido que todos os filhos – legítimos ou não – tinham os mesmos direitos. O estatuto ressalta a importância da participação ativa da criança no processo, estabelecendo, por exemplo, que a adoção a partir de 12 anos só deve ser feita com o consentimento do jovem. Hoje, pessoas maiores de 18 anos podem adotar, independentemente do estado civil. Os pais adotivos também têm direitos que antigamente eram impensáveis, como a licença-maternidade. O ECA foi um salto qualitativo em termos legais, e a luta agora é para que ele seja cumprido.
Hoje 80 mil crianças, segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Esse número pode, no entanto, chegar a 500 mil, segundo pesquisadores como Lídia Dobrianskyj Weber, psicóloga e autora, entre outros, do livro Pais e Filhos por Adoção no Brasil . Os principais motivos para tal situação são dois: preconceito e miséria. A preferência dos casais que desejam adotar é por meninas recém-nascidas e brancas – realidade bem diversa das crianças que vivem em instituições, que em sua maioria têm mais de 2 anos, são negras e, não raro, formam grupos de irmãos. Números do Ipea mostram que 60% delas estão na faixa dos 7 aos 15 anos.
Um dado ilustra bem como o preconceito se revela no ato da adoção: era comum as varas de infância e juventude da região sul receberem o cadastro de casais de

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