Acidente vascular encefálico: conceituação e fatores de risco
Acidente vascular encefálico: conceituação e fatores de risco
Márcia L. F. Chaves
Resumo
Pressão arterial e fumo são fatores de risco independentes para AVE, em ambos os sexos. A associação entre níveis pressóricos e risco de AVE não é linear e a pressão sistólica prediz mais AVE que pressão diastólica.
Diabetes melito confere um risco relativo para AVE em torno de quatro a seis vezes. A incidência de primeiro
AVE é duas vezes maior e mais precoce nos negros que brancos e não é, aparentemente, explicado por classe social. Risco de AVE é maior com anticoncepcional hormonal (ACO) de alta dosagem que os de baixa.
História pessoal de migrânea associa-se com maior risco
de AVE isquêmico. Mulheres migranosas que usam
ACO e fumo apresentaram razão de chance de 34,4 para
AVE isquêmico. Até 40% dos AVEs nas mulheres migranosas decorrem diretamente de um episódio de enxaqueca. Mudança do tipo ou freqüência de migrânea com uso de ACO, não prediz AVE. Manejo dos fatores de risco (hipertensão, fumo e hiperglicemia) reduz o risco de AVE. Mudanças nos fatores de risco explicam 71% da queda nos homens e 54%, nas mulheres da mortalidade por AVE. Ênfase continuada na promoção de estilos de vida mais saudáveis e no tratamento efetivo da hipertensão e demais fatores de risco, são essenciais para manter essa queda da mortalidade do AVE.
Palavras-chave: Acidente vascular encefálico; Fatores de risco.
Rev Bras Hipertens 4: 372-82, 2000
Recebido: 20/9/00 – Aceito: 1/11/00
Conceituação
O acróstico AVE, acidente vascular encefálico (ou ainda AVC, de acidente vascular cerebral) é o equivalente do termo genérico inglês stroke, que descreve apenas o comprometimento funcional neurológico.
As causas e, daí, as formas, de AVE são anóxico-isquêmicas (resultado da falência vasogênica para suprir
adequadamente o tecido cerebral de oxigênio e substratos) e hemorrágicas
(resultado do extravasamento de sangue para dentro ou para o entorno
das