Abuso de poder

Em Junho deste ano milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra o aumento da passagem do ônibus e para pedir melhorias no transporte público. Em proporções nunca vistas antes, as manifestações trouxeram pessoas de todas as idades, classes sociais e opiniões politicas a fim de devolver a população o poder de fazer a diferença e de mostrar sua insatisfação. E foi durante a primeira semana de protesto que as ações da polícia militar entraram em evidência, mostrando à população, à mídia e ao Estado o quão despreparada estava para lidar com aquele tipo de situação.
Para compreender melhor os problemas causados e as consequências dos atos da polícia e da população, é preciso entender o que deu inicio a toda essa onda de protestos. Depois de anos sem um aumento significativo nas passagens de ônibus, as grandes capitais receberam a notificação da mudança do valor do transporte, em São Paulo, por exemplo, o aumento foi de R$ 0,20 e embora esse não pareça ser um valor significativo, para integrantes de movimentos, como o do movimento Passe-livre, essa foi a gota d’agua e a partir dos protestos contra o aumento, outras questões foram surgindo, como a precariedade da educação e da saúde pública.
Em um país onde a polícia é treinada apenas para combater crimes, as manifestações surpreenderam a todos e a falta de preparo mais o medo pela própria segurança deixaram os policiais de mãos atadas e dispostos a fazer aquilo para que foram treinados: usar da força para manter a ordem. Em uma discussão sobre o assunto na FGV (Fundação Getúlio Vargas) em São Paulo, foi possível esclarecer que essa falta de tato policial, até antes e depois das manifestações, mostra a total despreparo da polícia, segundo a coordenadora de Gestão Pública e Novos Estudos do Instituto Sou da Paz, Carolina de Mattos Ricardo, "A própria presença uniformizada da PM já é um nível de força, assim como sua capacidade verbal e o seu armamento. Precisamos de uma polícia que saiba lidar com esses níveis