Absenteismo Docente Rede Estadual
Rafael de Sousa Camelo2
Paula Reis Kasmirski3
Resumo
Este artigo investiga os determinantes do absenteísmo docente e seu impacto sobre o desempenho escolar. Mostra-se que os atributos relacionados à carreira, como tempo de carreira e do status ocupacional, ajudam a explicar a decisão do professor em faltar. Por outro lado, quanto maior o engajamento do professor na escola, menor a incidência de faltas.
Estima-se que 10 dias a mais de falta dos professores estão associados a uma nota em matemática 5% de um desvio-padrão abaixo da média, quando se estima o modelo por MQO.
Para dar conta da eventual endogeneidade da taxa de absenteísmo do professor, utiliza-se a técnica de variáveis instrumentais, cujo instrumento é a distância da casa do professor até a escola. O instrumento utilizado parece capaz de isolar boa parte da endogeneidade por trás do absenteísmo docente, mas a partir desta estratégia econométrica o absenteísmo não se mostra significante para explicar o desempenho dos alunos.
Palavras-chave: educação, desempenho escolar, absenteísmo dos professores.
Key-words: education, student achievement, teacher absences.
Classificação JEL: I28, J88.
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Da EESP-FGV.
Da EESP-FGV.
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Da FEA-USP.
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Introdução
Os gestores da rede de ensino estadual paulista consideram que o elevado índice de faltas dos professores ao trabalho é o principal problema enfrentado pelo dia-a-dia das escolas4. De fato, num único dia letivo cerca de 12 mil professores efetivos estão ausentes das salas de aula e mais 90 horas-aula são perdidas por não haver substituição 5. Em 2006, foram gastos
R$235,4 milhões para cobrir os custos do absenteísmo praticado na Secretaria da Educação
(SEE-SP)6. Em média, os professores faltam 18 dias por ano (8% dos 200 dias letivos)7.
As taxas de absenteísmo entre os professores são mais