Aborto x Religião
Inicialmente, a palavra aborto origina-se da união da proposição latina 'ab', dando geralmente a ideia de afastamento, mais a palavra 'ortus', também latina, que significa nascimento, resultando a expressão 'abortus' ou não nascimento. Ainda, refere-se à "interrupção da gravidez fora do seu termo natural", com isso, a morte referida traduz a não conclusão do tempo gestativo da mulher e do feto e a morte deste. O aborto ainda hoje no mundo considerado “moderno” é um tema que gera muita discussão principalmente se envolver religião.
Neste trabalho será apresentado além do aspecto religioso, outros fatores que complementam a questão do aborto. Quando se discute o aborto no Brasil, sempre se invocam princípios religiosos, para mostrá-lo como um ato pecaminoso, contra a vida, como se tratasse um assassinato. Em geral, essa posição é apresentada como se fosse a única maneira possível de tratar essa questão, num contexto religioso. No caso do Catolicismo, por exemplo, a interrupção da gravidez foi muito discutida. Durante os primeiros séculos, só era considerado "pecado", o aborto cometido após, mais ou menos, dois meses e meio da gravidez (80 dias). Depois, houve um longo debate a respeito do assunto, entre o Papa, bispos e teólogos. As mulheres, principais interessadas, nunca foram ouvidas nessa discussão. Somente na segunda metade do século passado foi que, pela primeira vez, o Papa afirmou que a interrupção da gravidez, em qualquer momento, constituía pecado grave. Mesmo assim, as discussões continuaram, pois nem todos dentro da Igreja concordavam com os argumentos levantados por ele. Como esse problema nunca foi tratado pelo Papa como um "dogma de fé", isto é, como algo que todos os fiéis são obrigados a aceitar, os debates seguiram e continuam até hoje, na Igreja Católica. O mesmo acontece em relação aos métodos anticoncepcionais. Até mesmo bispos se manifestam favoráveis à sua utilização, em