Abolicionismo de nabuco

3207 palavras 13 páginas
O Abolicionismo foi uma obra de propaganda política, e não foi escrita como um estudo sociológico ou histórico do Brasil imperial. De certa forma, a obra de Nabuco foi tudo isso, pois, para argumentar sua propaganda política a fim de angariar adeptos ao movimento abolicionista, realizou uma minuciosa análise do Brasil de sua época, do cotidiano das senzalas, dos efeitos que a escravidão deixou no país em todas as suas esferas, e nas conseqüências que tal regime traria à nação mesmo após a abolição. De tal forma que a riqueza do estudo de Nabuco nesta obra pode ser considerada como um germe das ciências sociais no Brasil, onde o autor chegou a conclusões que só foram publicadas por autores da área em 1933, com Casa Grande e Senzala, e em 1936, com Raízes do Brasil, conclusões que veremos mais adiante.

Vejamos, portanto, o que Nabuco afirma, na sua obra.

O autor afirma que o regime escravo, adotado por Portugal em sua colônia americana, não só fundou a forma como se deu o Estado e a sociedade brasileiros como nele se desenvolveram todas as nossas relações sociais, políticas e econômicas ao longo de sua história, relações essas que não mudaram essencialmente com a independência do país, nem com a consolidação de Pedro II no poder.

Desde a colônia o regime escravo consistia na utilização de mão-de-obra africana em monoculturas latifundiárias isoladas umas das outras, nas mãos de um único proprietário, que só visava seus interesses imediatistas. Esse modo de produção, essa divisão social do trabalho, essa forma como se dispôs o direito a propriedade foi o que determinou todas as relações sociais no país, determinou como se formou e se desenvolveu o Estado: paternalista, autoritário, elitista, imediatista; e determinou como se formou e se desenvolveu a sociedade brasileira: dependente, desprovida de propriedade e desorganizada politicamente, mas de modo que tanto o Estado quanto a sociedade civil se tornaram fracos, e forte é a elite que procura manobrar o país

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