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A escravidão, no Brasil, praticamente não teve outra fonte de existência senão através do comércio de africanos. Assim, os escravos são os próprios africanos importados, ou os seus descendentes. “Uma vez desembarcados, os esqueletos vivos eram conduzidos para o eito das fazendas, para o meio dos cafezais” (NABUCO, 2003: 91). O sistema cafeeiro exigiu grande importação de escravos para o Brasil, mas não foi o único desde o início da colonização portuguesa. Antes, a mão-de-obra africana havia sido requerida para o trabalho nos canaviais de açúcar e posteriormente nas minas de ouro. A escravidão negra, portanto, foi desde o princípio um interessante e vantajoso negócio para aqueles que geriam o sistema colonizatório. Ela substituiu rapidamente a tentativa de utilização por parte dos portugueses da mão-de-obra indígena, haja vista sua grande lucratividade e considerável eficiência diante da dinâmica produtiva implantada nas terras brasileiras: mão-de-obra explorada, utilização de grandes latifúndios e produção agrícola voltada para o mercado externo.
A escravidão em Nabuco, deve-se ressaltar, é tratada num sentido eminentemente lato. Vai além da relação do escravo com o senhor tão-somente. Significa também a soma do poderio, a influência, o capital e a clientela dos senhores todos, além do feudalismo estabelecido no interior.
“[Compreende, ainda,] a dependência em que o comércio, a religião, a pobreza, a indústria, o Parlamento, a Coroa e o Estado se acham perante o poder agregado da minoria aristocrática, em cujas senzalas centenas de milhares de entes humanos vivem embrutecidos e moralmente mutilados pelo próprio regime a que estão sujeitos; e por último, o espírito, o princípio vital que anima a instituição toda, sobretudo no momento em que ela entra a recear pela posse imemorial em que se acha investida, espírito que há sido em toda história de países de escravos a causa de seu atraso e sua ruína” (idem: 28).
A escravidão, enquanto