500 anos de dizimação indígena
Há duas semanas o sertanista Orlando Villas Boas foi demitido da FUNAI, fato que teve grande repercussão no país e exterior, pela maneira como se realizou, pela falta de justificativa coerente para tale pela fama do sertanista.
No entanto essa medida deve gerar várias polêmicas. Orlando Villas Boas é, sem dúvida alguma, a pessoa que mais conhece a vida e a cultura de vários povos indígenas. Ao longo de décadas dedicou-se exclusivamente a essas questões. No entanto é necessário ao mesmo tempo discutir a política indigenista desenvolvida pela FUNAI desde sua criação, em 1967, e principalmente na última década, no que toca a demarcação das terras e a garantia de autodeterminação. A questão da terra é fundamental para o índio, assim como o é para todos aqueles que vivem do trabalho agrícola, no entanto as ocupações por grileiros, mineradores e grandes multinacionais aumenta a cada dia, colocando em risco a sobrevivência destes grupos.
Apesar de muito mais organizadas e de contarem com o apoio de várias ONGs, as nações indígenas estão sob constante ameaça, tendo sua terra cobiçada pelo grande capital.
Nesta semana, matéria publicada na Revista Isto é denuncia mais uma dessas agressões em relação aos territórios indígenas dos Kaiapós, já demacardo. Neste caso a História se repete. Aliás situação normal em se tratando da "luta" pela terra, característica encontrada na história de todas as civilizações, uma vez que a terra foi durante séculos o meio de produção fundamental para diversas sociedades.
OS ÍNDIOS
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, havia cerca de 3 milhões de indígenas, que viviam ainda num processo de transição do paleolítico para o neolítico, dependendo da caça, da pesca ou da prática da coleta, e iniciando uma agricultura, ainda muito rudimentar. Desconheciam o comércio, cada tribo produzindo o necessário para sua própria sobrevivência, sem depender da troca de produtos com outros grupos.