50 anos do golpe militar
O ambiente que propiciou o golpe militar de 31 de março de 64, e a ditadura que se instalou pelas duas décadas seguintes, está nesta reportagem especial de Mônica Sanches.
Era um tempo de turbulências na política e na economia: a inflação acumulada em um ano chegou a 80% e as riquezas do país estavam encolhendo.
O mundo estava dividido pela Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. O historiador Carlos Fico encontrou, em arquivos nos Estados Unidos, provas dos esforços do embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon, para derrubar João Goulart.
O temor de que Jango desse um golpe de esquerda aumentou depois do comício de 13 de março, no Rio, quando o presidente prometeu fazer as chamadas reformas de base. Ele tinha o apoio de movimentos sociais dispostos a impor essas mudanças na lei ou na marra.
Parte da população foi para a rua contra o governo de João Goulart, com o incentivo de políticos de oposição, como o então governador de São Paulo, Ademar de Barros.
A primeira Marcha da Família com Deus pela Liberdade aconteceu no Centro de São Paulo. Ela passou pelo Viaduto do Chá, no dia 19 de março de 1964, arrastando cerca de 400 mil pessoas.
O sentimento mais comum era o medo de mudanças que aproximassem o país de um regime comunista. Mas muita gente que estava lá não imaginava o que aconteceria depois: um golpe de Estado, sucedido por uma ditadura militar, que duraria 21 anos.
Um telegrama enviado para a embaixada americana no Rio marca o início da operação Brother Sam. Os Estados Unidos estavam enviando ao Brasil navios petroleiros, um porta-aviões, contra torpedeiros e 110 toneladas de munição.
Neste ambiente político radicalizado, o general Olímpio Mourão Filho toma a frente do movimento contra o Jango e lidera uma tropa partindo de Juiz de Fora.
No dia 31 de março de 1964, o presidente João Goulart acordou no Palácio Laranjeiras e logo soube da movimentação das tropas que vinham de Minas Gerais em direção ao Rio de