2 Por que o desenvolvimento organizacional
Quando assumiu o comando da rede atacadista Makro, o executivo carioca Luiz Antônio Viana prometeu comandar a maior transformação da história da companhia no Brasil. Antes líder absoluto em seu setor, o Makro havia sido atropelado pelos concorrentes, especialmente o Atacadão, rede voltada para a baixa renda. Para virar a situação, Viana anunciou que revigoraria a companhia, mudaria sua estratégia e faria o Makro voltar a crescer aceleradamente. Em suma, o executivo cumpria o papel de qualquer presidente contratado para tirar uma grande empresa dos apuros em que se meteu. Foi o que ele fez no comando do Pão de Açúcar, nos anos 90, quando demitiu quase 20 000 funcionários e ajudou a tirar a rede de Abilio Diniz da situação pré-falimentar em que se encontrava. A revolução prometida por Viana, porém, acabou num traque. No final de janeiro, o executivo pediu demissão e deixou a companhia de forma melancólica, após míseros 12 meses de trabalho, e a única marca que conseguiu deixar é a de recorde de efemeridade na gestão de uma grande companhia brasileira. Fornecedores e concorrentes ficaram perplexos -- por que ele teria durado tão pouco?
A principal causa da saída de Viana foi sua decisão de passar uma borracha no antigo modelo da companhia, voltado exclusivamente para o pequeno varejista. A principal premissa desse modelo é que os produtos são vendidos em embalagens gigantescas, com diversas unidades, para afastar o consumidor final e atrair os lojistas. Com o estilo Pão de Açúcar entranhado em seu código genético, Viana começou a transformar o que era um simples atacadista num misto de atacado e varejo (um modelo conhecido como atacarejo). Para fazer isso, passou a investir em anúncios em jornais e TV, algo que não acontecia havia anos na história recente da empresa. Para romper as barreiras que existiam à entrada dos consumidores finais, Viana facilitou a aquisição do cartão do Makro, uma espécie de passaporte que permite aos clientes