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Resumo
O objetivo desse trabalho é apresentar uma reflexão acerca da construção da identidade cultural nacional, o nacionalismo brasileiro, legitimada através de produções artísticas, enfatizando alguns trabalhos literários precursores do romantismo brasileiro. Apresentaremos, portanto, uma leitura sobre o papel desempenhado pela literatura e pelos homens de letras como forma legitimadora e definidora de uma identidade nacional. O debate a respeito da criação de uma literatura nacional e, consequentemente da nação brasileira, ocorreu em um momento posterior à independência política, e, sendo assim, abordaremos nesse artigo o contexto que abrange as décadas 1830 a 1850, período do florescimento do romantismo no Brasil. A valorização e a idealização do indígena surgiram após a Independência do Brasil como a chave que abriria o segredo sobre a origem do povo brasileiro e, nesse sentido, a caracterização de sua figura foi sendo transformada ao longo do século XIX. Homens de letras e artistas do período, influenciados pelo romantismo europeu, ou ainda pelo pensamento científico da época, se empenharam em identificar as raízes da “genuína” cultura nacional e, assim, contribuíram para a caracterização do que entendiam ser o povo brasileiro a partir do desenvolvimento de programas indianistas que debatiam intensamente a questão. Essas discussões permitiram que a ideia de brasilidade permanecesse em constante movimento, sendo construída e reconstruída de acordo com a necessidade dos indivíduos em contextos sociohistóricos distintos, e influenciados por novas tendências do campo do conhecimento, das artes, das ciências e da historiografia.
Dessa forma, decidimos apresentar nesse artigo a forma com que a ideia de nação e de literatura brasileira foram sendo trabalhadas pelos homens de letras, dedicados que estavam na busca por uma definição de cultura nacional autônoma