12 ARGUMENTOS CONTRA A EXISTÊNCIA DE deus
1º argumento: O gesto criador é inadmissível.
Que se entende por criar? É tomar materiais diferentes, separados, mas que existem, e, valendo-se de princípios experimentados e aplicando-lhes certas regras conhecidas, aproximá-los, agrupá-los, associá-los, ajustá-los, para fazer qualquer coisa deles? Não! Isso não é criar. Exemplos: podemos dizer que uma casa foi criada? Não, foi construída; podemos dizer que um móvel foi criado? Não, foi fabricado; podemos dizer que um livro foi criado? Não, foi composto e depois impresso. Assim, pegar materiais que já existem e fazer qualquer coisa com eles não é criar. Que é então, criar? Criar… com franqueza, encontro-me indeciso para poder explicar o inexplicável, definir o indefinível. Procurei, contudo, fazer-me compreender. Criar é tirar qualquer coisa do nada; é, com nada, fazer qualquer coisa do todo; é formar o existente do não existente. Ora, eu imagino que é impossível encontrar uma única pessoa dotada de razão que conceba e admita que do nada se possa tirar e fazer qualquer coisa. Suponhamos um matemático. Procure o calculador mais autorizado; coloque diante de uma lousa e peça que escreva zero sobre zeros. Terminada a operação, solicite que os multiplique da forma que entender, que os divida até se cansar, que faça enfim toda a sorte de operações matemáticas, e verá como ele não extrairá, desta acumulação de zeros, uma única unidade. Com nada, nada se pode fazer; de nada, nada se obtém. É por isso que o famoso aforismo de Lucrécio nada surge do nada (Ex nihilo nihil) é de uma certeza e de uma evidência manifesta. O gesto criador é um gesto impossível de admitir, é um absurdo. Criar na realidade é uma expressão místico-religiosa, que pode ter algum valor aos olhos das pessoas que gostam de crer naquilo que não compreendem. Mas devemos convir que a palavra “criar” é uma expressão vazia de sentido para todos os homens cultos e sensatos, para