20080627 religioes afrobrasileiras

CRÍTICA RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS: UM CASO DE DRAMA SOCIAL Guerra de orixá — um estudo de ritual e conflito, de Yvonne Maggie. 3a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001, 184 pp. Patrícia Ricardo de Souza O livro que resultou da pesquisa de mestrado em Antropologia de Yvonne Maggie, publicado pela primeira vez em 1975, ganhou recentemente uma edição revista. Como bom trabalho que é, Guerra de orixá permanece "bom para pensar", capaz de lançar luz sobre as discussões acerca do campo religioso afro-brasileiro. O livro se baseia em uma minuciosa pesquisa de campo realizada num terreiro de umbanda no bairro de Andaraí, Rio de Janeiro, durante seu curto período de vida, entre junho e setembro de 1972. Maggie rompe com a linha de pesquisa dos estudos anteriores, desde Nina Rodrigues, marcados, segundo ela, por uma perspectiva "evolucionista e de busca de africanismos". Evolucionista porque colocava a herança africana em escala inferior aos traços indígenas, ao catolicismo e ao espiritismo, de modo que, quanto mais perto da herança africana, mais essas religiões tenderiam a ser — numa palavra — primitivas, e quanto mais perto do pólo espírita, tanto mais tenderiam a ser evoluídas. Aqueles pesquisadores adotavam ainda um raciocínio teleológico, pois procuravam explicar os traços africanos recorrendo às suas origens, e na medida em que buscavam os africanismos não conseguiam, de acordo com a autora, dar conta de explicar o sincretismo, que era aliás sua proposta…

Guerra de Orixás Yvonne Maggie é professora titular do Departamento de Antropologia Cultural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Entre suas principais obras está ‘Guerra de Orixá - Um estudo de ritual e conflito’, lançado na década de 70, cujo capítulo IV é objeto dessa resenha. O livro é a etnografia de um terreiro de Um-banda que sofre uma ruptura. Já no início do texto, Yvonne Maggie delimita seu campo em apenas um terreiro, por não estar tratando do que chama…

RESENHA MAGGIE, Yvonne. Guerra de Orixá: um estudo de ritual e conflito. 3 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007 A motivação da autora de escrever e publicar essa obra partiu da vontade de conhecer e entender os limites das visões utópicas sobre a sociedade brasileira. Ela rompe com a corrente que buscava na origem das religiões trazidas pelos escravos a explicação do presente. Suas principais referências teóricas, dentro do grande escopo da antropologia, são Max Gluckman e…

abordadas em nosso país atualmente fazendo algumas comparações com o Estados Unidos e como a questão racial é tratada lá. Abordarei também sobre a miscigenação e as politicas de embranquecimento ocorridas aqui no Brasil sem deixar de falar do mito da “Democracia Racial” e das políticas de “ação afirmativa” e farei isso tendo como base textos de alguns autores que trabalhamos em sala de aula na disciplina de História e Cultura Afro-Brasileira. Autores como Jacquelyn JHONSON “O Atlântico…

fundo social e de aspiração socialista.” (Vogt & Fry 1982: 50-51). De acordo com esta visão, a fase romântica anterior, “com o culturalismo que marca os estudos afro-brasileiros”, termina por ignorar os “agentes sociais, suas condições de vida e sua inserção na sociedade de classe” (cf. Dantas 1988: 213). Contudo, o dado que agrega maior consenso quanto à constituição da mais recente reviravolta teórica neste campo estabelece-a na década de 1970. Esta época representa de certo modo…

de muitos sambistas (MOURA, 1995 ,ARANTES,2005 ,). . Nas cercanias da cidade era possível encontrar abrigo e solidariedade baseados em laços de parentesco de sangue ou “de nação” e afinidades religiosas. Assim, os negros que na cidade chegavam, se reuniam em torno dos negros já instalados. No passado, tinha na Pedra do Sal, na Saúde, uma casa de baianos e africanos que viam o navio chegando com os negros da África ou da Bahia e eles davam o sinal, uma bandeira branca com símbolo de…

religiosas e mágicas e contatos personalizados, especialmente através de cerimônias em que essas entidades se apresentam através do transe de incorporação: os caboclos, pretos-velhos, ciganos, príncipes, marinheiros, guias de luz, espíritos das trevas, encantados, além dos orixás e voduns. Pombagira, cultuada nos candomblés e umbandas, é um desses personagens muito populares no Brasil. Sua origem está nos candomblés, em que seu culto se constituiu a partir de entrecruzamentos de…

feijoada, acarajé, despacho, jogo de búzios. Muito diferente das sisudas denominações evangélicas, que nunca foram capazes de produzir para o Brasil qualquer bem cultural importante, como mostrou Gideon Alencar, com seu trabalho sobre a não-contribuição evangélica à cultura brasileira2. Até mesmo a música Gospel, que é a produção evangélica mais perto do consumo estético, é limitada ao universo dos crentes, incapaz de se auto-incluir no plano geral das artes de âmbito nacional, artes que…

feijoada, acarajé, despacho, jogo de búzios. Muito diferente das sisudas denominações evangélicas, que nunca foram capazes de produzir para o Brasil qualquer bem cultural importante, como mostrou Gideon Alencar, com seu trabalho sobre a não-contribuição evangélica à cultura brasileira2. Até mesmo a música Gospel, que é a produção evangélica mais perto do consumo estético, é limitada ao universo dos crentes, incapaz de se auto-incluir no plano geral das artes de âmbito nacional, artes que…

REGINALDO PRANDI Exu, de mensageiro a diabo. Sincretismo católico e demonização do orixá Exu REGINALDO PRANDI é professor de Sociologia da FFLCH-USP e autor, entre outros, de Os Candomblés de São Paulo (Edusp) e Mitologia dos Orixás (Companhia das Letras). 46 REVISTA USP, São Paulo, n.50, p. 46-63, junho/agosto 2001 I s primeiros europeus que tiveram contato na O África com o culto do orixá Exu dos iorubás, venerado pelos fons como o vodum Legba ou Elegbara, atribuíram a essa…