Barthes A Camara Clara

No entanto, se uma informação escrita pode omitir ou transformar a verdade de um fato, a foto aparece como testemunho fidedigno e transparente do acontecimento, já que toda fotografia impressa remonta uma ‘impressão’ de verdade. Porém, conforme Barthes (1990, p.25), “a mensagem fotográfica é uma mensagem sem código, proposição de que se deduz imediatamente um importante corolário: a mensagem fotográfica é uma mensagem contínua”. Assim, a complexidade desta leitura está mais…

dos tempos por várias personalidades, tais como Aristóteles, Leonardo da Vinci, Ângelo Sala, entre outros. Mas foi, à mercê de Joseph Nicéphore Niépce, que surgiu, no ano de 1826, a primeira foto permanente a preto e branco. Niépce utilizou uma câmara, onde expôs uma gravação em chapa de cobre sobre outra chapa de vidro coberta com betume da Judeia, durante oito horas de exposição solar. Mais tarde, substitui a chapa de vidro por uma de zinco e apelidou o processo de heliografia, gravura com a

para a interpretação da fotografia. Para “Barthes” (1984), a percepção do significante fotográfico não é impossível, visto que é feito por profissionais, mas exige conhecimento e reflexão. “Reconhecer o studium é fatalmente encontrar as intenções do fotógrafo, entrar em harmonia com elas, aprova-las, desaprova-las, mas sempre compreendê-las, discuti¬las em mim mesmo, pois a cultura [...] é um contrato feito entre os criadores e os consumidores.” (BARTHES, 1984, p.48). David Octavius…

fotografar é eternizar o momento que poderá ser contemplado por futuras gerações. Alguns atribuem ao fotojornalismo a documentação absoluta da verdade e a reprodução exata da realidade, afirmações essas que são questionadas por Barthes logo nas primeiras páginas do livro A Câmara Clara (1984). De acordo com o pesquisador francês, somente para um olhar desatento, a fotografia terá única e absolutamente este papel, mas, para um olhar observador deve-se questionar a própria existência…

passada através da foto. Mencionando o que lhe chamará atenção na imagem vista, o retrato que lhe couber atribuições de outros sentimentos, significados, referirá ao punctum1 da fotografia que para Roland Barthes (1984, p. 46) é aquilo que lhe fere , que instiga o observador, 1 BARTHES, Roland, 1984, p. 46 10 deixando um pequeno buraco, uma pequena mancha ou corte na mensagem que ela quer dizer. A fotografia se torna artística, então, quando não passa apenas a ser uma…

palavras, encarna a forma híbrida de uma” arte exata “e, ao mesmo tempo, de uma” ciência artística”, o que não tem equivalentes na história do pensamento ocidental” [1] Nièpce, em suas experiências, traz uma herança artística, patente no uso da câmara escura, no sentido dos valores e do negativo emprestados à gravura e na influência do processo litográfico; uma lógica industrial, derivada sobretudo deste; um vetor científico, presente no uso de lentes de telescópio ou…

. . . 25 26 30 35 2 Peirce e o Pragmatismo como Lógica da Abdução 49 II Linguística e Semiótica 63 3 A linguística de Saussure e a ideia de Semiologia 65 4 A Pansemiotização de Barthes 4.1 A função-signo e o alargamento semiológico em Barthes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2 Os múltiplos níveis de significação. A conotação e a denotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 3 83 86 III A lógica da comunicação 91 5

progressivo de uma forma de expressão artística no seu todo, diferente e específica. Baudelaire, um crítico, sustentou que a fotografia: “tratava-se de um a arte fria e mecânica, sem alma, incapaz de suscitar emoção”. Também Roland Barthes escreveu em sua obra A Câmara Clara que a fotografia foi essencialmente um problema de química, a descoberta de um processo que permitiu fixar a luz. E o que diferencia a fotografia da pintura é que se trata de uma arte sem matéria. A ideia de…

Roland Barthes (1984, p.148; 1998, p.123) -, são criações literárias, “ficcionais”: incapazes de “autenticar”, sem mediações, o real, razão de seu infortúnio, mas também, de sua “voluptuosidade” . O professor, este filósofo funcionário que, sem ceder ao ceticismo, recusa os dogmas e o relativismo, considera a filosofia um “jogo de construção”, um operador de discursos ao mesmo tempo formal e simbólico, que põe em crise os lugares da “linguagem de conversação” (Granger, 1989, p.255;…

realismo se refere a uma percepção do observador de conexão direta com o real. A fotografia se esforçou ao longo do século XX para anular esse vínculo com o real, destacando seu caráter artificial e sua capacidade de transformar o mundo captado pela câmara. Ainda que a fotografia documental tenha mantido sua vitalidade, tentou-se sempre delinear uma noção de fotografia artística marcada pelas possibilidades de manipulação e reconstrução da realidade, o que garantiria a ligação dessa…