“Mundialização da cultura”
No mundo globalizado, marcado pela integração de mercados, a questão cultural é colocada em destaque. Inicialmente, surgiram ideias de que a diminuição das distâncias promovida pelas novas tecnologias serviria para integrar os povos, que formariam uma só “Aldeia Global” (termo criado na década de 1960 pelo sociólogo Marshall MacLuhan). O mundo interligado não teria mais fronteiras nacionais. Cogitava-se que haveria o desaparecimento das línguas diante do avanço de um idioma universal, o que promoveria a uniformização das concepções referentes ao pertencimento étnico, religioso, desconsiderando-se as especificidades e subjetividades próprias de cada etnia.
Entretanto, a história nos mostrou outra realidade, marcada pela intensificação dos conflitos étnicos, das políticas de restrição à imigração, com o reforço do controle sobre as fronteiras nacionais. Os hábitos alimentares, a maneira de se vestir, as crenças, os costumes, enfim, toda a tradição cultural de um povo promove um contrapeso em relação às trocas e integração entre mercados.
Atualmente, os estudos antropológicos, embora com diferentes enfoques, têm argumentado que o processo de integração econômica não leva necessariamente a uma padronização cultural e, assim, o contato entre culturas, intensificado por meio da “mundialização da cultura”, para usar um termo de Renato Ortiz, acaba reforçando ainda mais o sentimento de nacionalismo, sedimentando, com isso, as fronteiras nacionais.
Nesse contexto, a ideia de nação adquire grande expressividade no que se refere à construção de uma identidade