É preciso mastigar muito bem as palavras; mais que isso: ruminar!
Em vários ambientes (trabalho, escolas, família e até em Blogs) já me admoestaram em virtude da minha forma de redigir, taxando-a de prolixa. Recentemente lembraram-me que na World Wide Web, especialmente nos e-mails e nos Blogs, a regra é que tudo deva ser implacavelmente rápido, os textos devam ser curtos, céleres e por fim, que feneçam efêmeros.
Porém, desajuizadamente ouso desafiar essas regras; as vejo como maus filtros à alma dos escritos descompromissados que, prazerosamente, procuro fazer especiais para os e-leitores, atento às artérias que lhes irrigam vida, e daí merecerem essas pequenas tréguas que hes proponho estoriadas.
Com esses contos e crônicas tento desviar a atenção do e-leitor para um mundo menos árido que o do dia-a-dia; o das fantasias. Não concebo sejamos felizes apenas vivendo duros apegos às realidades individuais. As alegorias e os devaneios, as brincadeiras e o riso, são imperativos do prazer de viver. Creio eu.
No lúdico desses sonhos e devaneios os faço para quem não tem medo de parágrafos, ou como sabiamente diria nest’ora Guimarães Rosa: "Minha literatura é para bois, não é para ser engolida de vez". Tomo-as minhas e as explico num digerido-já, num sem-ofender inteligências outras: o boi pasta o dia todo e depois se deita. A natureza lhe faz o bolo alimentar voltar do rume à boca, onde é remascado num lento clicletemente, e só depois, bem depois, é que o-tudo vai adentro-boi num vital suco.
Taí a lição que colho - e ora lhes repasso - da sensibilidade do eterno Joãozito: ler, mastigar e remastigar as palavras até que se avermelhem invadidas no nosso intelecto-sangue. Não basta o ler; é mister entender e refletir o lido.
Mas isso não é novo não. Vejam quem já, no hoje longínquo 1920, também o recomendava: “... Mas, senhores, os que madrugam no ler, convém madrugar também no pensar. Vulgar é o ler, raro o refletir. O saber não está na ciência