É possível uma teoria universalista da moral?

É POSSÍVEL UMA TEORIA UNIVERSALISTA DA MORAL QUE ESTEJA ISENTA DE COMPONENTES CULTURAIS?

Esta é uma questão, eu diria crucial, no que concerne a pensar na possibilidade de se obter uma teoria que seja capaz de aglutinar os valores da liberdade e da igualdade como buscou fazer John Rawls, importante filósofo do século XX, em sua teoria da justiça, concebida a partir de um viés liberal. Diferentemente da abordagem utilitarista, Rawls, intui a partir de uma visão kantiana sobre a complexidade da constituição da malha social, mostrando ser impossível alcançar a justiça, simplesmente através de códigos legais. Em sua obra Uma Teoria da Justiça, John Rawls pondera que “por mais eficientes e bem organizadas que sejam as leis e instituições, se são injustas, devem ser reformadas ou abolidas”.
Para este filósofo, a justiça, ainda que do ponto de vista contratualista, está para além do contrato social, pois a justiça só será factível se houver consenso, e esse consenso decorre da cooperação mútua dos atores envolvidos na escolha dos direitos e deveres, bem como na partilha dos benefícios sociais. Rawls resume a sua noção de justiça em uma palavra: “equidade”. O termo equidade, segundo Nicola Abbagnano significa: “Apelo à justiça com o objetivo de corrigir a lei em que a justiça se expressa”. De acordo com essa definição, entende-se que a lei por si só não seria capaz de estabelecer a justiça, uma vez que a aplicação da lei, sendo esta de caráter geral, por vezes se mostra imperfeita.
A grande questão dessa abordagem que precisa ser respondida é: se os códigos legais não conseguem operar a justiça, como encontrar os princípios de validade geral que permitam o consenso entre os entes sociais, sobretudo, entre os contemporâneos? A essa questão, certamente Rawls responderia dizendo que se faz necessário que todos os indivíduos envolvidos no construto da ação consensual, sejam livres e partam de uma condição de igualdade, somente assim, poder-se-ia conciliar a noção do