À procura da essência
À PROCURA DA ESSÊNCIA
Não é bom começar uma exposição por meio de definições, pois estas — como diz a palavra — delimitam o fenômeno em relação a outros fenômenos "afins". O entendimento da definição do capitalismo — -sistema sócioeconômico em que os meios de produção são propriedade privada duma classe social ' em contraposição a outra classe de trabalhadores não-proprietários" — pressupõe uma série de conhecimentos que este escrito tem como propósito oferecer. Discutir os wntornos do capitalismo antes de expor seu conteúdo seria não só dificultar a compreensão, mas propor como postulado o que deve ser obtido naturalmente como conclusão lógica.
Voltemo-nos, pois, para o que caracteriza o capitalismo, a partir da acepção mais comum do vocábulo.
Quando se fala de "capitalismo", pensa-se em capital e sobretudo em capitalista, sujeito rico, poderoso, em geral dono ou dirigente de empresa industrial, comercial ou banco. Mas "capitalismo" sugere também enorme variedade de produtos que são estridentemente propagandeados pelos meios de comunicação de massa. Os símbolos atuais deste aspecto do capitalismo talvez sejam o automóvel e principalmente a televisão, que é meio de consumo e veículo de publicidade ao mesmo tempo.
Finalmente, "capitalismo" lembra também especulação, o jogo do dinheiro de que todos participam: seja o play-boy que aplica na bolsa de valores, seja a dona-de-casa que armazena mercadorias vendidas em liquidação. Deste ponto de vista, o capitalismo se assemelha a um gigantesco cassino, em que pobres sonham com riqueza súbita, jogando no bicho ou na loto, ao passo que ricos acumulam afanosamente signos de valor (moedas, saldos bancários, títulos de dívida) à procura de uma segurança que jamais encontram.
Dentro dessas características do capitalismo, evidentes mas superficiais, encontramos alguns fios que poderão nos conduzir à sua essência. Um deles é a concorrência pelo dinheiro visto como representante da riqueza. Todos