índios
Jorge Miranda de Almeida1
Rozymário Bittencourt Fagundes2
Ela recorda os tempos de criança e diz que era costume ver passar nas estradas cerca de vinte carretas carregadas com madeira nativa, uma atrás da outra: “Era muita madeira, e nós todos vendo isso acontecer, sem poder fazer nada. Estamos cansados de sofrimento e queremos que nos deixem vivendo em paz. Não podemos sair daqui porque não temos outro meio de viver. Precisamos é de ajuda. Índio não maltrata floresta, vivemos em harmonia com ela”.
Jornal A Tarde, 24 de junho de 2012
INTRODUÇÃO
Este capítulo oferece ao leitor uma reflexão sobre os conflitos de terra que envolvem as comunidades indígenas pataxós de Barra Velha, em Porto Seguro, e Cahy-Pequi, em Prado, no extremo sul da Bahia, e a problemática regularização das suas terras. Pretende contribuir com a questão ética, social, política, econômica que envolve a Comunidade e o ser indígena, muitas vezes esquecido da academia e talvez por isso visto de forma estereotipada, como algo “exótico”, pela mídia e grupos hegemônicos que compõem a sociedade brasileira.
A situação atual ainda é a de séculos atrás, com índios tendo de lutar contra o Governo Federal, hoje na figura do ICMBio (Instituto de Conservação das Matas e da Biodiversidade), ligado ao Ministério do Meio Ambiente, e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), autarquia do Ministério da Agricultura, fazendeiros e empresários do turismo; estes tidos pelo Governo do Estado como habilitados a ter negócios em terras indígenas, sendo isto só “questão de acordo”.
A hipótese que parece mais óbvia ao problema é a de que os poderes constituídos e a classe empresarial se uniram eternamente contra os índios, os quais parecem ter ao seu favor militantes da causa indígena e, mais a nível local, a Fundação