Ética e religião
O PAPEL EVANGELIZADOR NA MODERNIDADE
A modernidade trouxe ao mundo um novo problema epistemológico: como transformar em necessidade tudo aquilo que é produzido: eis o eixo motriz que move o mundo moderno. Transformar em necessidade aquilo que não é necessário.
A ciência trouxe inovações tecnológicas. Os maquinários aumentaram a produção. A saturação do produto costumeiro emerge a necessidade de se criar uma vultosa gama de variações para a continuidade da venda-consumo. Ter em mãos um aparelho celular é não é o bastante. Para o mercado é necessário que este consumidor veja o produto conquistado como obsoleto e deseje, em um breve espaço de tempo, conquistar outro.
Por meio do produto em circulação, uma rede de empregos e serviços articula toda uma sociedade. Este ciclo de mercado, frente à economia global, não pode ser rompido, caso contrário poderá levar um país a bancarrota, em âmbito nacional ou mundial, dependendo do setor comprometido e seu lastro exterior.
A necessidade de consumo da economia, plano macro, acrescido das necessidades pessoais, plano micro, tornou-se um dos grandes motivos da crescente disparidade entre as classes sociais. Esta realidade, marcada pela alusão da eterna carência, modifica a personalidade social. O espaço do outro, o olhar social do bem comum e dos valores éticos passam a ter um caráter diminuto dentro de uma realidade cada vez mais consumista, logo, individualista. O consumo sem a ultra valorização do “Eu” não coaduna com a realidade própria do universo a qual a modernidade e a economia estão inseridas. Esta é a cultura da modernidade. Até mesmo a religião, em tempos atuais, parece que transformou seu papel principal – religare – o homem a Deus. Agora, esta parece ligar o homem a suas próprias necessidades de consumo, a um falsa pertença de segurança e bem estar, fruto de uma mentalidade materialista, marcadas por uma teologia da prosperidade difundida por pelas igrejas, ditas cristãs, mas que no fundo