Ética e qualidade
Parece-nos que poucas são as vezes em que se aborda, com a devida profundidade, uma questão essencial para a compreensão do fenômeno qualidade: Por que a qualidade é realmente importante? Ou qual a relação entre a qualidade, tal como é entendida e praticada pelas melhores empresas, com a realização humana? Logicamente, não pretendemos obter uma resposta completa e definitiva, mas sim julgamos necessário ir além da visão da mera satisfação dos clientes e incremento dos lucros dos empresários. Ambos aspectos são importantes, justos e até imprescindíveis; mas será que são suficientes para justificar o esforço que é preciso depender para avançar rumo à excelência? Questões como estas nos motivaram a realizar o presente estudo, em que procuraremos ampliar o conceito usual de qualidade, não tanto em termos horizontais – talvez já suficientemente explorado pelas idéias de qualidade por toda a empresa e em todas as ações individuais –, mas atendendo à sua conotação vertical. Trata-se de adentrar no conceito para salientar novos matizes. Acreditamos haver questões e níveis de análise que normalmente escapam ao dia-a-dia dos empresários e até mesmo dos estudiosos da qualidade. Conviria, por exemplo, tentar dar uma resposta não trivial – e mesmo comprometida – à derradeira questão de quais são as reais necessidades humanas; pois atendê-las estaria na essência da qualidade, como se costuma postular. MÖLLER (1992) sustenta a tese de que a qualidade pessoal é a base de todos os outros tipos de qualidade. Será isto verdadeiro? Se assim é, o que significam exatamente qualidades pessoais? Questão complexa, não respondida pelo citado autor, e que foge do campo estritamente técnico e penetra em outro melhor compreendido com o auxílio das ciências humanas. Estes seriam pontos básicos de contato entre dois assuntos que muitos não reconhecerão, à primeira vista, como inter-dependentes: Qualidade e Ética; entendendo-se esta como a parte da filosofia que